quarta-feira, 23 de setembro de 2009

"Vambora" (Adriana Calcanhoto)

Entre por essa porta agora
E diga que me adora
Você tem meia hora
Prá mudar a minha vida
Vem, vambora
Que o que você demora
É o que o tempo leva...

Ainda tem o seu perfume
Pela casa
Ainda tem você na sala
Porque meu coração dispara?
Quando tem o seu cheiro
Dentro de um livro
Dentro da noite veloz...

Ainda tem o seu perfume
Pela casa
Ainda tem você na sala
Porque meu coração dispara?
Quando tem o seu cheiro
Dentro de um livro
Na cinza das horas...

Palavras...

Acho que percebi finalmente o que é aquilo que as pessoas chamam de Amor. Na verdade pode-se chamar muitas outras coisas: paixão, desejo, egoísmo, obsessão, sentido de possuir um objecto, de o construir às nossas vontades, às vezes até mesmo ódio, intolerância...É tudo isto o que as pessoas chamam amor...Mas não é....Amor é uma palavra que pode significar muitas outras: respeito, carinho, tolerância, igualdade, companheirismo. São palavras que podem significar amor, mas não são Amor. Porque o Amor não se põe em palavras. Mas se pudesse pôr, para mim seria, sem dúvida, igual à palavra respeito. Respeito pelas diferenças, pela personalidade, pelos gostos, principalmente pela liberdade de poderem assumir aquilo que são...sejam risonhos, carrancudos, introvertidos, extrovertidos, gostem de um dia de sol ou de uma noite de chuva, de preto ou de branco, mas que sejam pessoas e não aquilo que o suposto "amor" quer que seja. Difícil?? Pois...amar é difícil,...tão dificil, que pode ser também deixar partir, ir embora, viver longe, no vazio, permitir que o ser amado possa escolher,... mas também isso é Amar. Esse é o Amor na sua forma mais sublime (ou tótó, como alguns podem achar)...Rasga-nos, fere-nos no mais profundo do nosso ser, mas quem disse que Amar seria perfeito???

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

"Amo-te"

Quantas vezes dizemos: "amo-te"??? Realmente agora, depois de me mandarem um mail sobre essa questão é que me apercebo como na verdade nós nunca (ou raramente, vá!!) o dizemos àqueles de quem gostamos. Acho que nos escondemos atrás daquela desculpa: "não preciso dizer, ele(a) sabe que gosto, não preciso estar sempre a dizer!) MENTIRA!! É preciso dizer sim, quanto mais não seja para reforçar o que se sente, mesmo que os outros já o saibam, sabe sempre bem ouvir mais uma vez...E não diz só respeito à cara-metade, o mesmo serve para os amigos, pais , irmãos,...enfim, para todos aqueles que são "alvo" do nosso amor. É que o amor não se gasta por o dizermos, torna-se é assim mais forte, mais bonito, mais pessoal...Dizer que se ama, não nos inferioriza, pelo contrário, torna-nos do tamanho do mundo.(O meu lado romântico quer mesmo acreditar que sim...)

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Seus olhos

Seus olhos - que eu sei pintar
O que os meus olhos cegou -
Não tinham luz de brilhar,
Era chama de queimar;
E o fogo que a ateou
Vivaz, eterno, divino,
Como facho do Destino.

Divino, eterno! - e suave
Ao mesmo tempo: mas grave
E de tão fatal poder,
Que, um só momento que o vi,
Queimar toda a alma senti...
Nem ficou mais de meu ser,
Senão a cinza em que ardi.
(Almeida Garrett)

Tive a ousadia de fazer uma pequena alteração ao original, mas apenas troquei um "a" por um "o"..... a poesia de Almeida Garrett é tão intensa, tão arrebatadora. Quase que se sente mesmo queimar....pelo menos eu sinto....

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

"Há um momento para tudo, e cada coisa tem o seu tempo"

Será que há?? Será que cada coisa tem o seu tempo?? Não seremos nós responsáveis por encurtar as coisas, dando-lhe assim um prazo bem mais curto?? E depois perguntamos o que é que fizémos de errado, qual foi o problema, o que é que não percebemos.... O que acontece é que nós perdemos demasiado tempo a tentar mudar as pessoas e assim não temos oportunidade de aceitá-las como são, e aprender a viver com os nossos próprios "defeitos". Sim, porque o que nós vemos nos outros é apenas um espelho daquilo que nós somos, senão não saberíamos identificar tão rapidamente e com tanta clareza aquilo que não gostamos nas pessoas. Realmente deveria haver um momento para tudo, e cada momento deveria ser aproveitado como se fosse o último, não de uma maneira irresponsável ou incoerente, mas com o tempo de quem tem "tempo", realmente "tempo" para "estar" com os outros. Esse nunca deveria ser considerado tempo perdido, pelo contrário, é de certeza tempo ganho!! Para além de que, tentar mudar uma pessoa é realmente pura perda de tempo, ninguém muda ninguém, para isso é preciso que o outro queira realmente mudar...deve ser por isso que muitas vezes as relações são tão curtas...ou tão falhadas... :)